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O Brasil vai bem, obrigado !




Já dizia Bertolt Brecht: "Quem não conhece a verdade é simplesmente um ignorante, mas aquele que a conhece e diz que é mentira, este é um criminoso." Mas incluo outro tipo, o  peixe dourado, que conhece a verdade mas a esqueceu.

O Brasil despertou. Precisou um nordestino pobre, operário e sem diplomas para acordar o gigante adormecido. Faltava-lhe tudo, menos a inteligência e a vontade de mudar. Insistiu, brigou e gritou. Chegou lá.  Em pouco tempo transformou um país decadente, estagnado, em uma nação próspera e respeitada entre outras nações. Concentrou-se no básico, combateu a fome e a miséria, fomentou o desenvolvimento. Fez o Brasil andar. Pela primeira vez os milhões de miseráveis foram alvo de um programa de inserção na sociedade. Através da política social, milhões de crianças podem se alimentar dignamente, frequentam uma escola sem fome, aprendem melhor. É a dignidade de ser cidadão, de pertencer a um país tão imenso e rico mas que sempre lhes negou a oportunidade de viver. Antes, sobreviviam.

E eis que uma pequena minoria da classe-média se revolta. Pasmos porque o filho do pedreiro conseguiu uma vaga na faculdade, ou porque o filho da empregada tem uma PlayStation antiga. Indignados que parte dos impostos arrecadados é usado para aliviar o sofrimento de crianças inocentes que nada fizeram de errado para merecer o suplício da fome e doença.  Desviam o olhar para o bem estar dos cães e gatos, discutem os maus tratos, o abandono desses. Cultivam a lei do mais forte, salve-se quem puder, são miseráveis porque merecem, não trabalham por preguiça. Apegam-se a um canudo, como se fosse um certificado de inteligência e caráter. Felizes porque nunca beberam tanta Skoll, repetem as mesmas piadas  e deboches sem graça sobre nossos vizinhos argentinos. É chic e nunca sai de moda.  Entopem os aeroportos, um formigueiro de libélulas deslumbradas por voar. Por que tanta gente ? Reclamam. Acham que ninguém mais melhorou de vida, e que simplesmente os aeroportos encolheram. Mas nem tudo é só festa e alegria,   não esquecem o dever religioso, os dogmas sagrados. Não perdem a missa de domingo, o culto do pastor ou o passe do espírita. É preciso provar que são bons cidadãos diante do divino. Em um ato de sublime compaixão, ano passado contribuíram para o globalizante Criança Esperança. Doaram. Agora, qualquer egoísmo ou omissão cometido é automaticamente absolvido. Nunca estiveram tão bem, tão saudáveis, tão felizes. O que mais os incomoda é saber que aquele retirante nordestino, sem eira nem beira, é o responsável  pelos avanços econômicos e sociais, que promoveu o Brasil  ao merecido lugar de um dos países mais importantes do planeta.

A verdade para saber e não ser chamado de ignorante:




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